sexta-feira, 30 de julho de 2010

Nada mais eleitoral...


AS ELEIÇÕES, EVENTO QUE OCORRE NO BRASIL A CADA DOIS ANOS, AINDA EXPÕEM AVANÇOS E DEFICIÊNCIAS DA NOSSA DEMOCRACIA



A chamada "festa da democracia brasileira" pode-se orgulhar por contar com um dos maiores eleitorados do mundo (este ano serão 130 milhões) e com um sistema eleitoral moderno e seguro que destacou o país como referência mundial na organização das eleições.

Entretanto, nós sabemos que nessa festa não há tantos motivos para se comemorar. Tive a ideia de produzir esse texto há algumas semanas, quando, passando pela Av. Brasil, vi que conjuntos habitacionais estavam sendo pintados. A cena se repetiu algumas vezes: em Guadalupe, em Irajá, em Cordovil... o que é engraçado nisso tudo é que essa "revolução de pintura" vem do início do ano para cá. É um tanto bizarro que nada seja tão eleitoral no Brasil quanto pintar conjuntos habitacionais em época de eleição. Mais bizarro ainda é pensar que isso rende votos.

Essa ilustração expõe a fragilidade que o direito ao voto tem no Brasil. Direito, inclusive, que muitos não percebem como tal, mas sim, como obrigação. Quando se fala no senso comum que "brasileiro não sabe votar", não é difícil buscar na história exemplos de uma cultura que permeia a política brasileira: o clientelismo, a troca de favores, os conchavos. Tanto entre políticos quanto entre políticos e eleitores. Recebe voto quem doa mais cestas básicas, quem pinta mais conjuntos habitacionais, quem tapa mais buraco, quem faz a alegria do povão!

Pois é, a fórmula é fácil. Acontece que, nessa equação, o resultado nunca é realmente satisfatório. Nessa troca de favores, trocamos tinta por poder, trocamos arroz e feijão por poder. Falta-nos a noção de que politicamente é possível se fazer muito mais em favor da população do que obras de fachada. É muito mais fácil ver o resultado concreto da criação de uma pracinha do que ver investimentos frutíferos em educação e saúde ao longo de apenas quatro anos. Faz parte, inclusive da nossa cultura, procurar os resultados mais óbvios, aqueles que saltam aos olhos. E com isso, a gente ignora o que é estrutural, o que é processual, gradual: aquilo que seria a verdadeira mudança.

É assim que pensam eleitores. É assim que pensam políticos. Mudar essa realidade passa por criar resultados numa esfera incluída no estrutural: a bendita educação. Falo da educação que educa (no sentido mais redundante da palavra), da educação como cultura, como meio para entender e criticar a sociedade. Sociedade como um todo. Um todo em que somos partes atuantes, sobretudo politicamente. Talvez você não se interesse por política porque já é favorecido por ela. Mas tema! A revolução vai começar quandos os não-favorecidos se interessarem. Bom voto!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Dossiê Zona Sul

UMA SÉRIE DE 30 ENTREVISTAS QUE REVELA UM POUCO DAS DIFERENÇAS, INTERAÇÕES E PRECONCEITOS ENTRE A REGIÃO E O SUBÚRBIO DA CIDADE


O mito da Cidade partida: um Rio de Janeiro que é um ao Sul e outro ao Norte. Há muito tempo essa ideia ronda a cabeça dos cariocas, mas pouco se faz no sentido de expô-la e debatê-la sem maiores traumas. Crescendo e conhecendo a minha cidade, esse mito me chamou muito a atenção e me despertou a falar sobre o que muitos fingem que não existe. Afinal, o tempo passa, as coisas mudam, mas parece que ainda existem diferenças, barreiras e preconceitos entre a zona sul e o subúrbio do Rio de Janeiro

Nesta terça-feira (20), em Botafogo, e quinta-feira (22), em Copacabana e no Leblon, estive aplicando entrevistas que auxiliarão a construção da minha monografia de conclusão de curso, que está debruçada nessa temática. Após realizar 30 entrevistas, algumas questões interessantes podem ser apontadas e nos mostram que ainda há muito a se fazer no sentido de eliminar as distâncias e os preconceitos dentro da nossa cidade.

Uma primeira coisa que me chamou a atenção foi a falta de noção da delimitação real do subúrbio. Quando pedi aos entrevistados que dissessem o nome de três bairros do subúrbio, muitos responderam nomes de municípios da Baixada Fluminense. Uma menina de São Conrado chegou a responder "Baixada" como se fosse um bairro da cidade. Sem contar que vários deles pensavam e pensavam muito antes de responder. A pergunta seguinte, que era com que frequência os entrevistados costumavam ir ao subúrbio, não podia ter respostas diferentes: Muito pouco, é raríssimo, nunca vou, e por aí vai.

Os laços de amizade e parentesco entre suburbanos e moradores da zona sul existem sim, porém de modo geral estão enfraquecidos pela distância. Distância, aliás, é uma das palavras que um morador da zona sul mais associa negativamente ao Subúrbio. Só perde para Violência. Reconhecem que ela também está presente na zona sul, mas demonstram temê-la longe de casa. Quando lhes peço para associar uma palavra positiva ao subúrbio, são em geral taxativos: Humildade, Vizinhança, Amizade... Lá todos se relacionam bem, vivem em comunidade, são solidários!

Quando pergunto se eles acham que existe preconceito com que mora no subúrbio, são quase unânimes em reconhecer que sim. Um ou outro nem faz questão de esconder o próprio preconceito e muitos vão deixando transparecê-lo ao longo da entrevista. A maioria assume que é possível perceber diferenças de comportamento entre suburbanos e moradores da zona sul. E uma parcela significativa entra no mérito de descrevê-las. Ideias como a de que suburbanos falam alto, tem menos educação, jogam sujeira no chão, se vestem de modo diferente apareceram e não foi pouco. Uma mulher me assustou ao dizer que suburbanos são "atrasados mentalmente". Quando notou que foi um pouco radical mudou para "culturalmente", mas manteve o sentido de atraso.

Quando perguntei como os entrevistados achavam que um morador do subúrbio usufrui do espaço da zona sul, muitos não tiveram dúvidas: vem à praia, em busca de lazer em geral. Uma parcela significativa associou a presença do suburbano na zona sul ao trabalho também. Uma senhora, que nasceu no subúrbio mas mora atualmente em Copacabana, disse que o suburbano faz muita bagunça na praia e suja a zona sul. Chegou a citar que o metrô, por onde eles chegam, está sempre sujo, sobretudo aos domingos. Sobrou até para os moradores da Baixada, a quem chamou de "inconsequentes".

Também perguntei se gostariam de morar no subúrbio. Tirando um ou outro "sim" a grande maioria respondeu negativamente, seja pela falta de infraestrutura ou simplesmente porque preferem a zona sul, onde tem acesso a praia e a serviços facilmente. Algumas reações foram curiosas. Alguns acharam a pergunta engraçada e teve quem não gostou: "Sua pergunta foi redundante, ninguém vai te responder o contrário", tive que ouvir de uma jovem moradora de Botafogo.

Esses são os principais comentários a partir das entrevistas realizadas na Zona Sul. Semana que vem devo estar entrevistando moradores no subúrbio e vou voltar aqui para reportar os resultados que me chamarem atenção. Espero que tenham gostado da leitura. Até a próxima!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

No ar!

Está no ar o blá-blá-blog!

Aqui você vai encontrar tudo que precisa, mas principalmente muita coisa de que não precisa. Este blog não está direcionado a um tema específico, e não estranhe se você ler hoje algo sobre bife com batata fritas e amanhã sobre descobertas da medicina forense. Provavelmente nunca vou tratar desses temas, mas foram os exemplos absurdos que vieram a minha cabeça agora, sabe-se lá por quê.

A intenção aqui é debater sobre esporte, política, religião (por que não?), ciência, relacionamentos afetivos, humor, cultura, mídia, cotidiano, trabalho, escola, lazer... qualquer coisa que renda o mínimo de assunto! Tudo isso sem comprometimento em ser o mais correto ou extremamente conhecedor do assunto, apenas em ser eu mesmo. E acredite, o "eu mesmo" sofre variações de 90,576% nas suas ações diariamente... Mas essa é a graça da vida: aprender, reaprender, mudar de ideia, aprender de novo, quebrar a cara...

Esse espaço perde seu sentido se você não deixar seu comentário e pensar junto comigo (ou pelo menos me tirar da categoria de "louco que fala para as paredes". Agradeceria sua colaboração nesse sentido). Chega de blá-blá-blá por hoje. Bom blog pra nós!